Vinho Medieval de Ourém - A História
A globalização a que temos assistido durante as últimas décadas conduziu a uma uniformização de produtos e serviços em todo o mundo. De facto, a cultura, as tradições e os saberes ancestrais ocupam hoje um lugar cada vez mais secundário nas nossas vidas.
No mundo do vinho, o panorama não é diferente. Surgiram novos países produtores sem tradições ou conhecimentos ancestrais, que se impuseram no mercado munidos de brilhantes estratégias de marketing, com produtos feitos à medida dos novos consumidores.
Felizmente existem regiões que souberam preservar intactas as práticas de produção das uvas e do vinho.
É indiscutível o forte incremento e desenvolvimento da vitivinicultura durante a época Medieval, uma época de grande religiosidade, onde o vinho tem um lugar de destaque na liturgia.
A ordem de Cister, com origem na Borgonha em 1098, desempenhou um papel preponderante, através da sua organização e autoridade, promovendo simultaneamente o cristianismo, a civilização ocidental e a valorização das terras.
Esta ordem estabelece-se em Portugal, primeiramente em Tarouca em 1144, um ano após a assinatura do tratado de Zamora, que, como é sabido, trouxe a desejada independência do Condado Portucalense do reino de Leão.
À medida que a conquista de D. Afonso Henriques ia rechaçando os mouros para sul, era necessário ocupar as terras para produzir alimentos. Torna-se, assim, necessário conquistar novos solos aráveis à floresta e à fauna selvagem.
Embora ainda seja desconhecida a sua localização precisa, os monges de Cister instalaram-se no final do século XII no Mosteiro de Tomareis, na região de Ourém, entre as actuais localidades do Olival e Urqueira. Este era mais do que uma quinta ou granja, era um território coutado, possuindo uma albergaria. Esta seria sem dúvida, uma unidade estimuladora do desenvolvimento económico, incentivando a produção vitivinícola local.
Pela sua influência em toda a região, estes monges "brancos" de Cister terão transmitido aos Oureenses o seu método de produção de vinho.
Os produtores do Concelho de Ourém, nas suas pequenas adegas artesanais, ainda produzem o vinho segundo métodos ancestrais e, embora tenham passado mais de 800 anos, a tradição mantém-se.

